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Analisamos a aguardada sequência: Hollow Knight: Silksong, que chegou após sete anos de espera. Poucos jogos carregam tamanha expectativa e, ainda assim, menos conseguem corresponder. No entanto, Silksong vai além de ser apenas a continuação de um clássico indie — é um reencontro solene entre jogador e desafio. Hornet, antes coadjuvante na jornada do Cavaleiro, agora assume o protagonismo em Pharloom — um reino vertical onde cada salto é um risco calculado e cada silêncio ecoa como se fosse uma prece. Assim, se Hollow Knight foi uma descida ao desconhecido, Silksong é uma escalada: árdua, bela e implacável.
A agulha contra o mundo
Assumir o controle de Hornet é abraçar a agilidade. Diferente da cadência pesada do Cavaleiro, ela desliza com graça felina, alternando golpes rápidos com acrobacias afiadas. Pharloom não demora a mostrar sua crueldade: inimigos causam dano dobrado e até a menor distração é punida sem piedade. Por isso, a curva de aprendizado é íngreme, mas cada vitória traz aquela catarse que só um metroidvania bem feito pode oferecer.

Um reino vivo, um palco cruel
Pharloom é vibrante e luminoso, mas nunca acolhedor. Cidades suspensas, jardins envenenados e torres esquecidas compõem um cenário que parece pulsar mistério a cada esquina.
O escopo aqui é maior que no primeiro jogo: mais de 200 inimigos, dezenas de chefes e um sistema de missões que guia, mas nunca engessa. Além disso, a sensação de descoberta — tão rara nos games atuais — continua intacta.
Jogabilidade – entre tradição e novidade
O coração do combate segue familiar: impacto, timing, ritmo. Mas Hornet muda o tom da dança. Golpes diagonais, corridas prolongadas e artes letais substituem a velha cura manual, tornando tudo mais agressivo, menos paciente. Dessa forma, a experiência pede reflexos rápidos e nervos firmes.
É aí que mora a beleza — e também a frustração. A dificuldade é alta, as hitboxes nem sempre parecem justas e os controles diagonais exigem uma precisão que pode irritar. Ainda assim, superar esses obstáculos é viciante. Cada conquista tem gosto de vitória pessoal.
Quando a música se torna parte da jornada
A trilha sonora de Christopher Larkin é, mais uma vez, sublime. Cordas delicadas que se transformam em explosões de tensão, notas suaves que lembram que até a beleza carrega dor — um contraste que evoca o lirismo melancólico de Koji Kondo em The Legend of Zelda: Majora’s Mask. Enquanto jogava Silksong, me peguei lembrando da primeira vez que encarei Majora’s Mask ainda na infância: aquela sensação estranha de beleza misturada ao desconforto, de estar em um mundo encantador e, ao mesmo tempo, assustador.
Em Silksong, a música provoca exatamente isso. Em outras palavras, ela não se limita a acompanhar o jogador: guia a jornada, dá peso a cada vitória e imprime cicatrizes emocionais em cada derrota.
A glória depois da queda
Silksong não oferece atalhos. É um jogo pensado para quem aceita se perder, se frustrar e, enfim, se superar. Ele honra o legado do primeiro, mas não se contenta em repetir a fórmula. Hornet brilha como protagonista, Pharloom é um palco memorável e a recompensa por vencer seus desafios continua sendo inigualável.
Veredito
Hollow Knight: Silksong é uma obra belíssima, cruel e hipnótica. Não repete apenas o sucesso do passado: eleva o desafio, pede mais do jogador e recompensa de forma proporcional. A agilidade de Hornet, a atmosfera de Pharloom e a trilha inesquecível compõem uma experiência que já nasce lendária.
Portanto, para veteranos, é a prova de que a paciência valeu a pena. Para novatos, um batismo de fogo inesquecível. Silksong é, em essência, o que sempre prometeu ser: uma sinfonia de dor e beleza.
- Desenvolvedora: Team Cherry
- Publisher: Team Cherry
- Plataformas: PC, Nintendo Switch, Xbox, PS5
- Review feito no: Nintendo Switch
- Também testado no: PC
- • Ambientação e direção de arte absurdamente detalhadas.
- • Trilha sonora.
- • Gameplay ágil e com identidade própria.
- • Mundo vasto, cheio de segredos, que mantém a sensação de descoberta.
- • Algumas hitboxes e controles diagonais imprecisos