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Desde o fim da série FIFA Street, há um vazio gritante no mundo dos jogos esportivos mais criativos e ousados. Enquanto as franquias tradicionais seguiram caminhos cada vez mais burocráticos, Rematch, da Sloclap, surge como uma alternativa eletrizante, brutal e estilizada que mistura futebol com artes marciais — e o resultado é surpreendentemente viciante.

Quando o futebol vira combate

Rematch pode até parecer um jogo de futebol arcade à primeira vista, mas isso é só a superfície. A melhor maneira de descrevê-lo é como um híbrido entre Rocket League (sem os carros) e Sifu, com todos os sistemas de movimentação e combates corporais refinados que tornaram o estúdio famoso.

Os controles são deliberadamente desafiadores: o analógico mira os passes e chutes, enquanto os gatilhos ativam fintas, carrinhos, defesas e dribles — tudo em tempo real. Não há espaço para automatismos ou “exploit” de mecânicas. Dominar Rematch exige reflexos, estratégia e coordenação motora fina. E se você jogou Sifu, vai se sentir em casa.

Primeiras partidas: caos, tropeços e paixão

No começo, é normal se sentir perdido. Jogar em partidas 1v1 até 5v5 onde cada jogador controla todos os movimentos do personagem pode ser esmagador. Falhar em interceptar um passe ou tomar um gol humilhante enquanto tenta descobrir como marcar o adversário acontece com frequência. Mas a mágica de Rematch é que ele nunca desmotiva.

Mesmo nos momentos mais caóticos, há uma sensação constante de que é possível melhorar, e logo você se vê pensando nas jogadas mesmo fora do jogo — uma característica típica de títulos que têm potencial competitivo de verdade.

Performance, estilo e pequenas quedas

Rodando em dispositivos como o ROG Ally e o Steam Deck, Rematch entrega desempenho sólido com taxa de quadros estável e controle total da ação. Os problemas que surgem — como pequenos congelamentos de interface e desync pontuais — têm sido corrigidos com rapidez pela Sloclap.

Visualmente, o jogo aposta em uma direção artística minimalista com explosões visuais ocasionais que dão identidade ao campo. Não tem o polimento de um FIFA ou NBA 2K, mas isso não é demérito — é uma proposta diferente, e corajosa.

Som dinâmico e comunicação que funciona

O sistema de ping rápido funciona perfeitamente com o clique do analógico direito, e a voz por proximidade oferece uma comunicação natural e até o momento livre de toxicidade. A trilha sonora, por sua vez, é reativa — embora ainda falte aquela seleção mais impactante de faixas eletrônicas ou pop que poderia elevar a energia das partidas.

Ainda falta conteúdo... por enquanto

Apesar de seu potencial competitivo, Rematch ainda está em construção. No momento, o conteúdo gira em torno de partidas casuais e ranqueadas, mas faltam modos mais amplos como torneios, eventos especiais ou algo inspirado no clássico Pro Clubs.

O passe de temporada e as recompensas visuais ainda são tímidos. Pior: o lançamento de skins pagas (como a do Ronaldinho) antes de um sistema sólido de progressão pode soar estranho para muitos jogadores.

Felizmente, segundo o blog oficial da Sloclap, novos modos, clubes, rotação de mapas e cross-play já estão em desenvolvimento.

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Rematch é tudo aquilo que o futebol digital precisava há tempos: ousadia, brutalidade e identidade. Não é para quem busca uma simulação realista, mas para quem sente falta de criatividade, liberdade e adrenalina nos gramados virtuais. E mesmo com algumas falhas de conteúdo, o que está aqui já é mais divertido e inovador do que muitos jogos esportivos lançados nos últimos anos.

Rematch
  • Desenvolvedora: Sloclap
  • Publisher: Sloclap
  • Plataformas: PS5, Windows, Xbox Series XS
  • Review feito no: PC
  • Também testado no: Steam Deck
Positivo
  • Jogabilidade original e extremamente técnica
  • Partidas intensas e multiplayer viciante
  • Controles intuitivos, mas profundos
  • Ótimo desempenho em PCs portáteis
  • Estilo visual ousado e funcional
Negativo
  • Conteúdo ainda limitado no lançamento
  • Falta de cross-play no início
  • Poucas opções cosméticas atrativas
  • Interface e menus confusos
Nota 9
Sou o Fundador do site Ovicio, Overplay e Muramasa. Fui idealizador e Game Designer do jogo Vencedor da DemoNight no BIG Festival 2014, o Jotunheim Project. Escolhido como Jurado do Anime Awards em 2024 e 2025. Amo games, sou fã de God of War, Dragon Quest, Fire Emblem, The Legend of Zelda e Pokémon. Coleciono livros, quadrinhos e guitarras.


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