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A nostalgia parece que está em alta. Resident Evil II foi um dos melhores jogos do ano passado. Final Fantasy VII Remake se coloca como um dos melhores jogos deste ano, e talvez até como um dos melhores da geração. Streets of Rage IV é uma bela homenagem aos clássicos beat ‘em ups, um gênero quase que aposentado. Reviver grandes jogos do passado é mais do que uma moda, é um ótimo negócio. Mas existe um jogo da quinta geração dos vídeo games que é extremamente aclamado e que a sua legião ensandecida de fãs clama por um remake para as atual (ou para a próxima) geração de consoles.
Mas não é tão simples e fácil assim.
Metal Gear Solid é a obra clássica de Hideo Kojima, e talvez o grande marco da sua ascensão como game designer na indústria. O jogo foi originalmente desenvolvido pela Konami e lançado no primeiro Playstation, em Setembro de 1998, sendo uma das obras mais relevantes da história dos jogos digitais, ao popularizar um gênero ainda pouco explorado na época: o stealth. No ano 2000, sai a versão Integral, para o PSOne e PCs. Em 2004, a Konami lança um remake para o Nintendo Game Cube: Metal Gear Solid – Twin Snakes. A pouca diferença tecnológica entre as duas plataformas faz com que este remake seja pouco lembrado: a evolução gráfica não é grande, e o modo em primeira pessoa, apesar de inovador, não acrescentava muito. E houve ainda muitas críticas em relação às mudanças nas cutscenes, que foram dirigidas pelo diretor de cinema Ryuhei Kitamura, que, com o aval de Kojima, deu seu próprio estilo as cenas. E deu errado.
Quase 22 anos depois de seu lançamento, Metal Gear Solid continua no imaginário dos fãs saudosistas e que esperam por uma inimaginável continuação da série ou, pelo menos, viver de remakes dos jogos clássicos. E aí entra a questão. Metal Gear Solid precisa de um remake?
Um dos pontos críticos nesta questão é que a ambientação do primeiro jogo se passa em um lugar relativamente pequeno. A base de Shadow Moses (#saudades) é, quando comparada com os ambientes dos jogos subsequentes, bem menor em espaço. Basta lembrar dos vastos campos de Metal Gear Solid III, que ampliavam as possibilidades de ação ou mesmo do imenso mundo aberto de Metal Gear Solid V.
E essa expansão não precisa ser exatamente em espaço. Poderiam ser criados novas áreas dentro da base, com novos desafios, que não impactassem em grandes mudanças narrativas. O primeiro trecho da invasão, nas docas, poderia ser expandido com uma área de acesso a base, talvez até com um novo chefe. Diferentes tipos de Genome Soldiers, com armas e comportamentos diferentes. Novas rotas de acesso pelos dutos de ventilação. A base tem andares. Que tal novos andares, com áreas novas? Poderia se explorar um bom trecho de gameplay com Gray Fox! Poderiam haver novos encontros com Gray Fox e com outros inimigos clássicos. As possibilidades são muitas. O fato é que Shadow Moses e seu level design precisariam ser expandidos consideravelmente para fazer sentido em um jogo atual, de modo a ampliar o tempo de gameplay do jogo original. Sim, o primeiro Metal Gear Solid é curto. E isso não é um defeito.
Outro ponto é: como seria a adaptação das novas mecânicas da série para esse remake? Lembre-se que MGSV apresenta uma infinidade de camadas de jogabilidade e de possibilidades que, pelo menos em tese, seriam impossíveis de serem inseridas em um remake de MGS: Solid Snake não precisa recrutar ou administrar soldados, muito menos roubar cargas de diamantes. E os recursos tecnológicos? O “novo” Solid Snake teria algo parecido ao iDroid em substituição ao clássico sistema Soliton? E o arsenal disponível? Alguns pontos das novas mecânicas da série são bem-vindos: poder esconder os soldados abatidos no ambiente e a adapção do sistema de marcação de inimigos, para ficar apenas em dois exemplos, ampliariam as possibilidades de ação e de jogabilidade.
Em termos narrativos, talvez expandir um pouco alguns diálogos. Detalhar mais alguns personagens e só. Em termos técnicos, é a ladainha de sempre: atualizar os gráficos, refinar as mecânicas; e claro, manter a voz clássica de David Hayter e Cam Clarke.
No entanto, a pergunta mais dolorida ainda não foi levantada. É válido um remake de Metal Gear Solid sem as mãos de Hideo Kojima? Como é de conhecimento de 99,72834723% da população humana, as relações entre Kojima-San e a Konami, dona da IP (propriedade intelectual) de toda a franquia, não foram finalizadas de modo amigável. Será que um remake sem a participação do seu criador não iria macular o legado da obra? Como será que Kojima iria se posicionar em relação a isso? Iria apoiar?
E trago uma outra pergunta? Um remake dos dois primeiros Metal Gears, lançados para o MSX, também não seria válido?
São inúmeras questões que a Konami deve responder em um futuro próximo. Apesar de ser uma franquia relativamente de ‘nicho’, Metal Gear Solid V vendeu relativamente bem e o desenvolvimento de algum produto da série “deve” estar em andamento. Enquanto entusiasta da franquia, espero muito um remake de Metal Gear Solid; e, como sonhar não custa nada, pelas mãos de Kojima.
E você? O que acha?