Uma mãe norte-americana está processando as gigantes da tecnologia Roblox e Discord, alegando que as plataformas têm responsabilidade na morte de seu filho de 15 anos.
O caso, divulgado inicialmente pelo jornal The New York Times, integra uma série de ações judiciais que pressionam as empresas a reforçar a segurança de menores de idade em seus ambientes virtuais.
O adolescente, que era autista, tirou a própria vida em 2024, quatro meses depois de confessar à mãe que havia sido vítima de chantagem e abuso por um homem mais velho, que se passava por adolescente.
O processo, movido por Becca Dallas, aponta que seu filho, Ethan, foi coagido a enviar fotos íntimas a um abusador de 37 anos, que ele conheceu em 2015, quando tinha apenas 7 anos e jogava Roblox.
O predador, que se identificava como “Nate”, construiu uma amizade virtual com a vítima ao longo de anos, inclusive ensinando o menino a desativar os controles parentais. A comunicação entre os dois migrou do Roblox para o Discord, onde as conversas se tornaram abusivas e culminaram na chantagem.
A família, que monitorava as atividades de Ethan, chegou a buscar tratamento intensivo para o jovem após crises de raiva em 2022, sem saber do abuso.
As empresas se manifestaram sobre o caso. Em comunicado ao portal g1, o Roblox lamentou o ocorrido, reconheceu que a segurança infantil é um desafio para a indústria de jogos online e afirmou que está cooperando com as autoridades.
A empresa destacou os investimentos em recursos de segurança, como a implementação de mais de 100 medidas de proteção em 2025.
O Discord, por sua vez, reforçou seu compromisso com a segurança e mencionou a utilização de tecnologia e equipes especializadas para remover conteúdos nocivos, além de destacar a idade mínima de 13 anos para seus usuários.
O caso de Ethan não é um evento isolado. Nos Estados Unidos, as plataformas Roblox e Discord têm enfrentado uma crescente onda de processos e críticas.
O The New York Times revela que, somente em 2025, o Roblox foi alvo de mais de 20 processos federais que o acusam de facilitar a exploração sexual de crianças. Um dos casos, aberto em agosto, acusa a plataforma de permitir que predadores sexuais prosperem e cacem menores.
A pressão sobre as empresas resultou em mudanças. O Roblox anunciou em 2025 a implementação do recurso Conexões Confiáveis, que usa selfies em vídeo e QR Code para restringir a comunicação entre adultos e adolescentes. A plataforma também expandiu a verificação de idade para todos os usuários.
O Discord, por sua vez, lançou em 2023 a ferramenta “Central da Família”, que permite aos pais monitorar com quais usuários seus filhos estão conversando e de quais comunidades participam, embora não tenham acesso ao conteúdo das conversas.
As ações judiciais e as denúncias evidenciam um problema recorrente nas plataformas de comunicação e jogos online, que são alvos frequentes de criminosos que se aproveitam da vulnerabilidade de crianças e adolescentes.
A tragédia da família Dallas destaca o perigo presente no ambiente digital e a necessidade de um debate urgente sobre a responsabilidade das empresas em proteger seus usuários.
Fonte: G1
