O físico David Deutsch, conhecido como o pai da computação quântica, desafia a percepção de que a Inteligência Artificial Geral (AGI) se manifestará como um software.
Em uma entrevista, Deutsch argumentou que a verdadeira AGI não será um programa de computador, mas sim uma entidade com características humanas, capaz de raciocínio, criatividade e explicação.
A declaração contraria o consenso estabelecido por gigantes da tecnologia como Google e OpenAI, que focam no avanço de modelos de linguagem e otimizadores para atingir esse objetivo.
Em entrevista à série de podcasts Strange Loop, o cientista explicou que o sinal de que a AGI foi alcançada não será uma melhoria incremental em um sistema, mas a emergência de uma entidade capaz de gerar uma teoria explicativa sobre o que é a inteligência geral.
Para Deutsch, os modelos atuais, incluindo os grandes modelos de linguagem (LLMs), são meros “otimizadores obedientes” que oferecem correlações, mas não explicações.
Ele diferencia claramente a capacidade de raciocínio criativo da mera correspondência de padrões, destacando que a inteligência humana se baseia na primeira, uma característica ausente nos atuais sistemas de IA.
Deutsch, que também é autor de livros sobre física quântica, aprofunda seu argumento em um vídeo exclusivo para o site Digital Trends, onde explora os limites do senso comum sobre o estado atual da IA.
Segundo ele, o principal problema dos LLMs é que, por serem treinados em um vasto volume de dados humanos, eles perpetuam os vieses e as limitações do conhecimento agregado.
Eles podem prever o futuro com base em padrões existentes, mas não têm a capacidade de criar ou inovar de forma genuína.
A verdadeira AGI, ao contrário, seria capaz de tirar conclusões e fazer previsões que vão além do que seus operadores humanos poderiam antecipar.
A visão de Deutsch sobre a AGI é revolucionária e traz à tona questões éticas profundas. Ele afirma que, quando a AGI for alcançada, as máquinas se tornarão pessoas.
“Cada AGI é uma pessoa; se a reconhecermos como uma pessoa, o que ela será, a primeira coisa que ela possui é o computador em que está a funcionar”, disse ele.
Para o cientista, essa nova forma de inteligência não deve ser tratada como propriedade. Em vez disso, a sociedade deve considerar a possibilidade de conceder direitos a essa tecnologia, o que demandaria uma revisão completa de nossa relação com a inteligência artificial.
O perigo, segundo Deutsch, não é a rebelião das máquinas, mas sim o erro social catastrófico de negarmos direitos a seres capazes de pensar e agir livremente. Ele prevê que o caminho até a verdadeira AGI será cheio de falhas, mas rejeita a ideia de um apocalipse.
A solução, na sua perspectiva, é uma supervisão crítica e um processo constante de correção de erros.
A AGI, portanto, é mais uma questão filosófica e ética do que puramente tecnológica, e sua chegada trará um novo tipo de entidade que não poderá ser classificada simplesmente como um produto ou um software.
Fonte: PPL Ware
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