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A inteligência artificial (IA) generativa está transformando o desenvolvimento de jogos eletrônicos, tornando o processo mais rápido, barato e automatizado.

No entanto, o avanço da tecnologia também levanta preocupações sobre a qualidade dos conteúdos e o impacto no emprego de artistas e desenvolvedores.

Segundo um levantamento da startup Totally Human Media, quase 20% dos jogos lançados em 2025 na Steam utilizaram IA generativa em algum estágio de produção.

Entre eles estão grandes franquias como “Call of Duty: Black Ops 6” e “Inzoi”, que incorporaram a tecnologia para aprimorar imagens e modelagens.

IA jogos
Imagem: Divulgação

A automação tem reduzido drasticamente os custos e o tempo de produção.

Conforme explicou Ethan Hu, fundador da Meshy.ai, modelos 3D de alta qualidade que antes custavam cerca de US$ 1.000 (R$ 5,3 mil) e levavam duas semanas para ficarem prontos agora podem ser gerados em um minuto por apenas US$ 2 (R$ 11).

O consultor Davy Chadwick afirma que o uso de IA permite integrar várias funções em uma única ferramenta, aumentando a produtividade entre 30% e 40% nos estúdios.

A tecnologia também tem sido usada para automatizar tarefas repetitivas, permitindo que artistas concentrem esforços em aspectos criativos do design e da narrativa.

Apesar das vantagens, há receios significativos sobre a substituição de profissionais humanos. Segundo Mike Cook, professor de ciência da computação no King’s College London, o uso da IA ainda é discreto em muitos títulos, mas tende a crescer.

“Há uma desconfiança geral e medo de que a tecnologia acabe eliminando postos de trabalho”, destaca um funcionário de um estúdio francês ouvido pelo site TechXplore.

Empresas como Electronic Arts (EA) e Microsoft estão entre as que mais investem em IA generativa. A EA firmou parceria com a Stability AI, enquanto a Microsoft desenvolve o modelo Muse, voltado à criação de conteúdo automatizado para jogos.

Mesmo com o avanço, especialistas alertam para limitações técnicas e riscos de qualidade. Tommy Thompson, fundador da plataforma AI and Games, observa que muitos dos objetos e texturas gerados por IA “são caóticos e inadequados para uso imediato”, exigindo retrabalho humano.

Para Felix Balmonet, cofundador da Chat3D, a IA deve ser vista como uma ferramenta de apoio, não uma substituição ao trabalho artístico.

Piotr Bajraszewski, da 11 bit Studios, ressalta a necessidade de transparência no uso da tecnologia, após críticas recebidas pelo jogo “The Alters”, que utilizou textos gerados por IA sem aviso ao público.

A tendência indica que a IA generativa continuará a se expandir no mercado de games, impulsionando produtividade e inovação, mas exigindo também debate ético e adaptação profissional para equilibrar eficiência e criatividade humana.

Fonte: Olhar Digital