A Nokia, conhecida mundialmente pela robustez dos seus celulares e pelo apelido carinhoso “Tijolão”, foi por muito tempo a soberana do mercado mobile. Após uma queda drástica diante da revolução dos smartphones, a marca que já foi rainha dos celulares renasceu com o apoio da HMD Global e uma nova estratégia: apostar no Android e no apelo nostálgico dos clássicos.
A ascensão e queda de um império dos celulares
No início dos anos 2000, a Nokia era praticamente sinônimo de celular. Com mais de 40% de participação no mercado global em 2007, seus modelos, como o Nokia 1100 e o 1110, entraram para a história com vendas superiores a 250 milhões de unidades. A durabilidade, simplicidade e bateria quase infinita tornaram-se marcas registradas.
Mas tudo mudou com a chegada do iPhone e o avanço do Android. A Nokia demorou para reagir, apostando no sistema Windows Phone em parceria com a Microsoft. O resultado? Uma série de aparelhos com boa construção, mas um sistema limitado, com poucos apps e sem atrativos para o consumidor moderno.
Em 2014, a divisão de celulares da Nokia foi vendida para a própria Microsoft — e com isso, a marca praticamente desapareceu do mercado de smartphones.
O renascimento pelas mãos da HMD Global
Dois anos depois, em 2016, uma nova tentativa de ressurgimento começou. A HMD Global, formada por ex-executivos da Nokia, firmou um acordo triplo: obteve a licença da marca Nokia, contou com a fabricação da Foxconn (via FIH Mobile) e assumiu a responsabilidade pelo design e marketing.
Mas o ponto de virada foi adotar o sistema Android. Isso corrigiu o erro estratégico anterior e posicionou os novos smartphones Nokia como aparelhos com Android puro, atualizações de segurança garantidas e sem modificações invasivas no sistema — uma proposta valorizada por muitos usuários.
O efeito nostalgia: feature phones e o “detox digital”
Além dos smartphones, a HMD também teve êxito ao relançar modelos clássicos, como o Nokia 3310 e o 3210, atualizados com visual moderno, conexão 4G e bateria duradoura. Esses feature phones não só atiçaram a nostalgia dos antigos usuários como também conquistaram quem busca um “detox digital” — uma forma de se desconectar das distrações dos smartphones.
Esses relançamentos viralizam com frequência e mantêm a marca viva na memória do público, mesmo que não sejam os aparelhos mais vendidos do mercado.
O desafio: competir com gigantes
Apesar da base sólida, a Nokia ainda enfrenta desafios. Embora a proposta de Android limpo e construção robusta seja elogiada, muitos modelos não conseguem competir com rivais da mesma faixa de preço em desempenho e recursos.
No Brasil, por exemplo, a presença da Nokia é quase simbólica, com Samsung, Motorola, Xiaomi e Apple dominando as vendas. Para especialistas, só nostalgia não sustenta uma marca: é preciso entregar valor real e competitivo.
O futuro: o fim do nome Nokia?
Com o contrato de licenciamento da marca Nokia se encerrando em março de 2026, a HMD já se prepara para uma nova fase. Recentemente, a empresa lançou seus primeiros aparelhos com a marca HMD e pretende construir uma nova identidade, voltada a um público mais jovem e conectado com temas atuais.
Os 3 pilares estratégicos da nova HMD:
- Sustentabilidade: uso de materiais recicláveis e embalagens ecológicas.
- Reparo facilitado (FIY): dispositivos fáceis de consertar em casa, sem depender de assistência.
- Bem-estar digital: foco em modos de uso consciente da tecnologia.
Mais do que reviver o passado, a HMD quer criar seu próprio futuro, usando o legado da Nokia como base, mas apostando em inovação, responsabilidade e diferenciação.
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