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Quando joguei Hades 2 pela primeira vez no early access da Steam, fiquei impressionado com o quanto a Supergiant Games conseguiu entregar já numa versão inicial. O combate era fluido, a atmosfera estava lá e Melinoë, a nova protagonista, já mostrava potencial para carregar a franquia. Mas também notei lacunas: equilíbrio inconsistente em algumas armas, progressão narrativa ainda fragmentada e certas mecânicas que pareciam “em teste”.

Agora, com o lançamento oficial em 2025, voltei a mergulhar nesse submundo e a diferença é clara. O jogo amadureceu. Onde antes havia experimentos, agora existem sistemas refinados. A narrativa se conecta com mais força, as runs têm peso maior e as escolhas parecem mais significativas.

arte do jogo
Imagem: Divulgação

O que mudou do Early Access para o lançamento

  • Equilíbrio das armas e feitiços: agora as builds parecem todas viáveis, o que amplia a rejogabilidade.
  • Narrativa expandida: antes fragmentada, agora flui com diálogos mais coesos e arcos melhor definidos.
  • Progressão mais clara: o sistema de recursos, upgrades e recompensas foi polido; não senti mais a frustração de runs que pareciam inúteis.
  • Ambientes e arte: muito mais detalhados e com transições mais suaves entre áreas.

Combate mais estratégico e visceral

O combate se tornou mais profundo sem perder o ritmo frenético. Enquanto Zagreus era puro instinto, Melinoë traz um leque maior de feitiçaria e conjurações, o que exige do jogador uma leitura estratégica mais cuidadosa.

No early access, eu sentia que alguns feitiços estavam desbalanceados — ou dominavam a run inteira ou mal valiam a pena. Agora, tudo parece mais calibrado. A combinação entre armas tradicionais e magias cria runs imprevisíveis, cada uma com seu sabor único.

Cena de combate em Hades 2 com magias e inimigos
O combate em Hades 2 mistura ataques físicos e habilidades mágicas, mantendo ritmo frenético.

Melinoë: uma protagonista que conquista pelo silêncio

Melinoë uma protagonista introspectiva, mas magnética, não poderia definir melhor. Se Zagreus tinha o carisma rebelde, Melinoë conquista pelo contraste: ela carrega o peso da expectativa, mas não se deixa reduzir a isso.

Nos diálogos, senti uma escrita mais madura. Os personagens não estão ali só para soltar frases espirituosas; eles revelam nuances, reforçam os temas de legado, sacrifício e até trauma. Essa profundidade narrativa me prendeu mais do que no primeiro jogo.

Melinoë, protagonista de Hades 2, empunhando sua arma em meio ao submundo
Melinoë assume o protagonismo em Hades 2, trazendo uma perspectiva mais sombria e mágica para a série.

Atmosfera mais sombria e imersiva

Enquanto jogava, percebi o quanto o visual evoluiu desde o early access. As áreas, que já eram bonitas, agora parecem “respirar”. A ambientação de Hades 2 mergulha ainda mais no submundo com tons escuros, detalhes ricos e cenários que parecem pinturas em movimento.

A trilha de Darren Korb continua impecável. Se no primeiro jogo ela me impulsionava no combate, aqui ela me envolve. As guitarras, mescladas a sons etéreos, reforçam o tom mais sombrio e dramático da jornada de Melinoë.

Cenário sombrio e detalhado de Hades 2
Os cenários de Hades 2 impressionam pelo detalhamento e atmosfera carregada.

Veredito

Polido ao extremo, Hades 2 é mais do que apenas uma sequência: é um triunfo absoluto. A Supergiant Games conseguiu criar algo que se destaca do antecessor, ao mesmo tempo em que honra o DNA que fez do primeiro jogo um clássico moderno.

Joguei o early access e já havia visto potencial, mas revisitar a versão final foi como assistir a uma obra inacabada se transformar em experiência completa. Cada detalhe agora transmite maturidade, equilíbrio e confiança no que o estúdio queria entregar.

O resultado é um jogo mais coeso, mais intenso e incrivelmente rico em conteúdo — combate, narrativa e atmosfera trabalham em sintonia para prender o jogador por dezenas e dezenas de horas. Hades 2 não só alcança o nível do original como prova que até uma obra-prima pode ser superada. Um forte candidato a jogo do ano.

Hades 2
  • Desenvolvedora: Supergiant Games
  • Publisher: Supergiant Games
  • Plataformas: PC, Nintendo Switch, Playstation, Xbox
  • Review feito no: Steam
Positivo
  • - Combate viciante, variado e calibrado
  • - Protagonista cativante, com diálogos profundos
  • - Visual deslumbrante e trilha sonora magistral
  • - Rejogabilidade altíssima, com cada run se sentindo única
Negativo
  • - Runs que se alongam demais - algumas partidas parecem durar mais do que precisam. O ritmo às vezes perde intensidade quando o jogo insiste em alongar determinadas sequências.
Nota 10
Cientista da Computação por formação e programador, sou fascinado por tecnologia e games. Fã da série The Legend of Zelda e admirador da natureza, busco unir minha experiência em desenvolvimento à paixão pelos jogos para criar conteúdos que conectem inovação e diversão.


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