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A Epic Games vai dar um passo bastante ousado no ecossistema de Fortnite: a partir de dezembro de 2025, criadores de ilhas terão permissão para criar e vender seus próprios itens dentro do jogo, diretamente das ilhas que construíram. A ideia é que o Fortnite se torne mais que um battle royale ou uma plataforma sonora de jogatina — cada ilha pode se transformar em uma pequena loja ou galeria personalizável.

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Imagem: Epic Games

O sistema permitirá que itens sejam do tipo durável (cosméticos permanentes, skins etc.) ou consumível (power ups, itens de uso limitado etc.). Eles serão adquiridos pelos jogadores via V-Bucks. Fortnite creators can soon sell their own items and pay to advertise them

Como vai funcionar a receita para os criadores

  • Do lançamento do novo sistema até o fim de 2026, os criadores ficarão com 100% do valor em V-Bucks das vendas feitas em suas ilhas.
  • Após 2026, essa taxa cai para 50%.
  • A Epic vai calcular o valor dos V-Bucks convertendo os gastos dos jogadores em dólares, descontando as taxas de plataforma/loja (que variam, de 12% até 30%, dependendo de console ou loja) e dividindo pelo total de V-Bucks gastos. Atualmente, a média dessas taxas é de cerca de 26%.
  • Durante o período promocional (até o fim de 2026), com os criadores recebendo 100%, esse modelo equivale a aproximadamente 74% do valor de varejo real das compras, quando considerado todo esse cálculo.
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Ferramentas e visibilidade

Para que isso seja possível, a Epic vai liberar novas ferramentas:

  • UEFN e uma nova API baseada em Verse serão usadas para que criadores criem, implementem e vendam esses itens.
  • Também haverá uma linha “patrocinada” no feed de descoberta (Discover) do jogo — ou seja, criadores poderão pagar para promover suas ilhas, ganhar visibilidade extra. Durante o primeiro ano, 100% da receita dessa promoção vai para os criadores; depois passa a 50%.

Possíveis prós e contras

Prós:

  • Monetização real para criadores — possibilidade de ganhar dinheiro direto com criações próprias.
  • Incentivo à criatividade: ilhas mais diferenciadas, conteúdos únicos, que podem atrair público específico.
  • Pode aumentar o engajamento: jogadores vão explorar ilhas diferentes para ver itens criados por outros.

Contras:

  • Dependência de visibilidade paga: se só quem paga pela promoção tiver destaque, poderá haver desigualdade entre criadores menores vs grandes criadores.
  • Possível saturação: muitas ilhas vendendo coisas pode deixar confusa a descoberta de conteúdos bons.
  • Questões de moderação, qualidade dos itens, segurança da loja dentro do jogo.
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Essa novidade pode marcar uma mudança de paradigma para Fortnite. Os criadores ganham muito mais autonomia, e isso pode gerar experiências mais originais — ilhas com estilos únicos, lojas próprias, coleções personalizadas. Para jogadores, a variedade pode aumentar bastante.

Mas o ponto decisivo vai ser como a Epic vai balancear visibilidade e qualidade. Se o sistema favorecer sempre quem investe mais em promoção, os criadores menores podem ficar esquecidos. Também vai depender da facilidade de usar essas novas ferramentas e da capacidade técnica de muitos criadores menores.

Se tudo for bem implementado, esse sistema pode aproximar Fortnite ainda mais de plataformas como Roblox, onde usuários fazem conteúdos, vendem, interagem — não apenas jogam. Pode ser um grande passo para transformar Fortnite em algo além do jogo, num ecossistema criativo.

Cientista da Computação por formação e programador, sou fascinado por tecnologia e games. Fã da série The Legend of Zelda e admirador da natureza, busco unir minha experiência em desenvolvimento à paixão pelos jogos para criar conteúdos que conectem inovação e diversão.


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